TDAH em Adultos: Qual o Melhor Medicamento Para o Tratamento?
Descubra os medicamentos mais eficazes para tratar o TDAH em adultos, como atuam no cérebro e os avanços nas abordagens terapêuticas
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é geralmente associado à infância, mas estudos mostram que mais de 60% dos casos persistem na vida adulta. Em adultos, os sintomas tendem a se manifestar como desatenção crônica, desorganização, impulsividade e dificuldade de foco. O tratamento medicamentoso é uma das abordagens mais eficazes, mas surge a dúvida: qual é o melhor medicamento para TDAH em adultos?

Neste artigo, apresentamos os principais fármacos utilizados, seus mecanismos de ação, benefícios, riscos e avanços no tratamento do TDAH adulto, com base em evidências científicas.
O que é TDAH em adultos?
O TDAH em adultos é caracterizado por sintomas que afetam diretamente a vida profissional, acadêmica, afetiva e social. Os sinais mais comuns incluem:
- Dificuldade de concentração prolongada
- Procrastinação crônica
- Esquecimentos frequentes
- Impulsividade verbal ou comportamental
- Desorganização com rotinas e prazos
- Sensação constante de inquietação
Além do impacto funcional, o TDAH frequentemente coexiste com outros transtornos, como ansiedade, depressão e abuso de substâncias, o que exige uma abordagem terapêutica ampla.
Tratamento medicamentoso: o que diz a ciência?
Estudos clínicos mostram que os medicamentos psicoestimulantes e não-estimulantes são eficazes em reduzir os sintomas do TDAH em adultos, melhorando atenção, produtividade e controle emocional. O tratamento medicamentoso é indicado quando os sintomas comprometem atividades diárias, relacionamentos ou desempenho no trabalho.
Estimulantes: os medicamentos de primeira linha
Os estimulantes do sistema nervoso central são considerados primeira escolha no tratamento do TDAH. Eles atuam aumentando a disponibilidade de dopamina e noradrenalina em regiões do cérebro responsáveis por atenção, foco e autocontrole.
1. Metilfenidato
É o estimulante mais prescrito para TDAH no Brasil. Está disponível em versões de liberação imediata (Ritalina) e prolongada (Ritalina LA, Concerta).
Mecanismo de ação:
- Inibe a recaptação de dopamina e noradrenalina, aumentando a concentração sináptica desses neurotransmissores no córtex pré-frontal.
Benefícios:
- Melhora rápida da atenção e do foco
- Redução da impulsividade
- Facilidade de ajuste de dose
- Boa resposta clínica na maioria dos casos
Efeitos colaterais:
- Insônia
- Diminuição do apetite
- Dor de cabeça
- Irritabilidade ou ansiedade em alguns pacientes
2. Lisdexanfetamina (Venvanse)
A lisdexanfetamina é outro estimulante eficaz, aprovado para uso em adultos. É um pró-fármaco, ou seja, precisa ser ativado no organismo, o que reduz o risco de abuso.
Mecanismo de ação:
- Após absorção, é convertida em dextroanfetamina, que estimula a liberação de dopamina e noradrenalina.
Benefícios:
- Efeito prolongado, com duração de até 12-14 horas
- Menor risco de uso recreativo
- Redução da impulsividade e melhora da função executiva
Efeitos colaterais:
- Ansiedade
- Boca seca
- Aumento da pressão arterial em alguns casos
- Insônia e perda de apetite
Não-estimulantes: alternativas eficazes em casos específicos
Quando o paciente não tolera os efeitos colaterais dos estimulantes, ou quando há histórico de abuso de substâncias, os medicamentos não-estimulantes são considerados. Embora tenham resposta mais lenta, são úteis em muitos casos.
1. Atomoxetina (Strattera)
A atomoxetina é um inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina, não pertencente à classe dos estimulantes.
Mecanismo de ação:
- Aumenta os níveis de noradrenalina no córtex pré-frontal, sem interferir diretamente na dopamina.
Benefícios:
- Boa opção para pacientes com histórico de dependência química
- Menor risco de insônia e perda de apetite
- Eficaz na redução da desatenção e impulsividade
Efeitos colaterais:
- Náusea
- Tontura
- Redução do apetite
- Risco raro de efeitos hepáticos
2. Bupropiona
Originalmente um antidepressivo, a bupropiona tem efeito secundário na melhora da atenção e concentração.
Mecanismo de ação:
- Inibe a recaptação de dopamina e noradrenalina, similar aos estimulantes, mas com menor potência.
Benefícios:
- Útil em casos com depressão associada
- Menor risco de abuso
- Pode ajudar no abandono do tabagismo
Efeitos colaterais:
- Insônia
- Tremores
- Boca seca
- Risco de convulsões em doses altas
Como escolher o melhor medicamento?
A escolha do medicamento mais adequado depende de fatores como:
- Gravidade dos sintomas
- Histórico médico e psiquiátrico
- Presença de comorbidades (como ansiedade, dependência ou depressão)
- Perfil de efeitos colaterais tolerados
- Necessidade de efeito rápido ou de liberação prolongada
- Preferência do paciente
A avaliação individualizada e o acompanhamento psiquiátrico regular são fundamentais para ajustar a dose e a resposta ao longo do tempo.
Avanços no tratamento do TDAH em adultos
Nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento medicamentoso e não medicamentoso do TDAH. Os principais incluem:
1. Formulações de liberação prolongada
Medicamentos como o Concerta e Venvanse oferecem liberação controlada, garantindo cobertura de sintomas ao longo do dia, com menos flutuação de humor e desempenho.
2. Monitoramento digital e aplicativos de adesão
Tecnologias de monitoramento ajudam pacientes a acompanhar sintomas, tomar medicações corretamente e manter a rotina, aumentando a eficácia do tratamento.
3. Abordagem multimodal
A combinação de medicação com psicoterapia, coaching cognitivo e mudanças de estilo de vida se mostrou mais eficaz que qualquer abordagem isolada. A terapia cognitivo-comportamental é altamente recomendada para adultos com TDAH.
Quando iniciar o tratamento?
O tratamento com medicamentos deve ser considerado quando:
- Os sintomas afetam negativamente a vida profissional, acadêmica ou social
- Há dificuldade de organização, foco e regulação emocional
- Métodos não farmacológicos não são suficientes
- Existe um diagnóstico claro realizado por psiquiatra ou neurologista
O uso sem diagnóstico pode ser perigoso e mascarar outras condições, como transtornos de ansiedade, transtorno bipolar ou depressão.
Considerações Finais
O melhor medicamento para TDAH em adultos varia de acordo com o perfil clínico de cada pessoa. Estimulantes como metilfenidato e lisdexanfetamina são os mais eficazes e amplamente utilizados, mas opções não-estimulantes como atomoxetina e bupropiona têm papel importante em casos específicos.
O tratamento ideal é aquele personalizado, seguro e acompanhado de perto por um especialista. Quando bem conduzido, o tratamento medicamentoso pode transformar a qualidade de vida, autoestima e desempenho de adultos com TDAH.
Olá, me chamo Manoel. Além de ser formado em Psiquiatria e Psicologia tenho um compromisso constante com a atualização e precisão do conhecimento. Minha abordagem profissional é fundamentada em um rigoroso processo de pesquisa e validação de informações, utilizando fontes conceituadas e internacionais para garantir que o conteúdo que compartilho seja tanto relevante quanto baseado em evidências.
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