Autoabandono: Por Que Negligenciamos a Nós Mesmos e Como Recuperar a Conexão Interior

Entenda o que é autoabandono, como ele afeta sua saúde mental e emocional, por que nos colocamos em segundo plano e quais os tratamentos eficazes para restaurar o autocuidado e o amor-próprio.

Autoabandono é um comportamento profundamente enraizado em padrões emocionais aprendidos, onde a pessoa negligencia suas próprias necessidades, emoções, limites e desejos. Ao contrário de um ato consciente, ele se manifesta sutilmente — no silêncio diante de abusos, na autoexigência extrema, na procrastinação de cuidados pessoais ou no excesso de dedicação aos outros. Compreender o autoabandono é essencial para resgatar a autonomia emocional e o amor-próprio.

2. O Que é Autoabandono?

O autoabandono é o processo pelo qual uma pessoa deixa de se priorizar emocional, física ou mentalmente, vivendo em função de expectativas externas, idealizações ou padrões de sobrevivência afetiva.

Características principais:

  • Falta de escuta das próprias emoções;
  • Desvalorização pessoal e sentimentos de “não merecimento”;
  • Dificuldade de impor limites;
  • Autossabotagem frequente;
  • Cuidado excessivo com os outros em detrimento de si mesmo.

3. Causas do Autoabandono

a) Infância com Afeto Condicional

Crianças que só recebiam atenção quando eram “boas”, “úteis” ou “perfeitas” aprendem a negligenciar seus sentimentos para serem aceitas.

b) Abandono Emocional Precoce

Ausência de validação, escuta ou suporte emocional por figuras de cuidado gera adultos que reproduzem esse abandono internamente.

c) Relacionamentos Abusivos

Viver sob críticas constantes, manipulação ou controle faz com que a pessoa desconecte-se de si para sobreviver emocionalmente.

d) Perfeccionismo e Autoexigência

Crenças como “não sou suficiente” levam à negação de descanso, prazer e afeto pessoal.

4. Sintomas e Consequências do Autoabandono

  • Exaustão física e emocional;
  • Depressão e crises de ansiedade;
  • Sentimento de vazio e desconexão;
  • Incapacidade de sentir prazer ou orgulho;
  • Relações desequilibradas e dependência emocional;
  • Procrastinação crônica e sabotagem de projetos pessoais;
  • Distúrbios alimentares, insônia ou sintomas psicossomáticos.

O autoabandono pode levar à perda de identidade, pois a pessoa se adapta tanto ao externo que esquece quem realmente é.

5. A Relação entre Autoabandono e Saúde Mental

Pesquisas psicológicas mostram que o autoabandono está diretamente ligado a transtornos de humor, burnout, baixa autoestima e traços de depressão existencial. Ele cria um ciclo vicioso em que quanto mais a pessoa se abandona, menos sente que vale a pena cuidar de si, reforçando o estado de desconexão.

6. Avanços no Tratamento do Autoabandono

a) Psicoterapia Centrada na Autocompaixão

Promove o cultivo do autocuidado emocional sem culpa, desenvolvendo empatia interna e voz acolhedora.

b) Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

Trabalha crenças limitantes como “não tenho valor” ou “preciso agradar para ser amado”.

c) Reestruturação de Hábitos de Autocuidado

  • Criação de rituais de cuidado diário (sono, alimentação, lazer);
  • Exercícios de afirmações positivas e contato com o corpo.

d) Terapia de Reparentalização

Abordagem que permite ao indivíduo reconstruir a relação consigo mesmo como uma figura protetora e amorosa, suprindo lacunas afetivas da infância.

e) Mindfulness e Escrita Terapêutica

Estimula o diálogo interno consciente e a reconexão com sentimentos autênticos, além de liberar emoções reprimidas.

7. Como Superar o Autoabandono no Dia a Dia

  • Pratique escolhas conscientes que priorizem o seu bem-estar;
  • Aprenda a dizer não sem culpa;
  • Estabeleça limites emocionais com respeito e firmeza;
  • Reconheça e celebre suas conquistas, por menores que pareçam;
  • Procure ajuda profissional se sentir que está sempre se apagando por dentro.

8. Final

O autoabandono é silencioso, mas profundamente destrutivo. Ele não acontece de uma vez, mas em pequenos atos de esquecimento de si mesmo. Recuperar-se dele exige coragem, consciência e cuidado progressivo, construindo uma nova relação interna baseada em respeito, escuta e amor próprio. Você merece ser sua prioridade — não como egoísmo, mas como sobrevivência emocional.

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