Hipersensibilidade a Sons: Como a Psicologia Explica e o Que Fazer

A hipersensibilidade a sons é uma condição em que ruídos do cotidiano, considerados normais para a maioria das pessoas, são percebidos como intensos, dolorosos ou emocionalmente desconfortáveis.
Não se trata apenas de “ouvido aguçado”, mas de uma alteração na forma como o cérebro processa estímulos auditivos.

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Diferença entre Hiperacusia e Misofonia

  • Hiperacusia: aumento da sensibilidade geral a sons (por exemplo: barulho de trânsito, aspirador de pó, televisão).
  • Misofonia: aversão específica a sons repetitivos e gatilhos (mastigação, clique de caneta, digitação).
    Ambas podem estar relacionadas a hiperatividade no sistema nervoso central e respostas emocionais desproporcionais.

Causas Possíveis

  1. Alterações neurológicas: hiperatividade no córtex auditivo.
  2. Transtornos psicológicos: ansiedade, estresse pós-traumático, depressão.
  3. Doenças clínicas: enxaqueca, lesões no ouvido interno, zumbido crônico.
  4. Transtornos do espectro autista (TEA): muito comum em crianças e adultos no espectro.
  5. Altos níveis de estresse: podem reduzir o limiar de tolerância a estímulos sonoros.

Impactos Psicológicos

  • Ansiedade antecipatória: medo de sair de casa por conta de ruídos.
  • Isolamento social: evitar festas, cinemas, locais barulhentos.
  • Problemas de sono: despertares frequentes em ambientes ruidosos.
  • Fadiga emocional: constante estado de alerta.

Estratégias Psicológicas e Terapêuticas

  1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda a reestruturar pensamentos automáticos negativos ligados ao som.
  2. Treinamento de dessensibilização sonora: exposição gradual a sons, usado em clínicas de audiologia.
  3. Mindfulness e meditação: reduzem a hiperatividade emocional diante do estímulo sonoro.
  4. Uso de sons ambientes: ruído branco, sons da natureza e música suave podem mascarar gatilhos.
  5. Grupos de apoio: compartilhar experiências reduz o estigma.

Curiosidades Científicas

  • Pesquisas no Journal of the American Academy of Audiology mostram que até 8-15% da população pode apresentar algum grau de hipersensibilidade a sons.
  • Em indivíduos com autismo, a prevalência pode ultrapassar 60%.
  • Estudos de neuroimagem (fMRI) revelam que pessoas com hiperacusia têm maior atividade na amígdala, área do cérebro ligada às emoções.
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Avanços Recentes

  • Pesquisadores têm estudado o uso de estimulação magnética transcraniana (EMT) para modular a atividade auditiva no cérebro.
  • Novas abordagens de realidade virtual terapêutica estão sendo testadas para simular ambientes controlados e treinar tolerância a sons.
  • Há indícios de que a terapia sonora combinada com técnicas de relaxamento oferece resultados mais consistentes do que cada tratamento isolado.

Quando Procurar Ajuda?

  • Se o desconforto sonoro interfere na vida social, no trabalho ou no sono.
  • Se há sintomas associados como zumbido, dor de ouvido ou tontura.
  • Se a ansiedade gerada pelos sons é maior que a situação em si.

Tampões Redutores de Sons: Aliados para Quem Sofre com Ruídos

O que são?

São dispositivos feitos de espuma, silicone ou materiais especiais que se inserem no canal auditivo para reduzir a intensidade dos sons.
Eles não eliminam totalmente o barulho, mas podem diminuir de 15 dB a 35 dB, dependendo do modelo.

Tipos de Tampões

  1. Espuma expansiva
    • Baratos e descartáveis.
    • Redução média: 20–30 dB.
    • Muito usados para dormir.
  2. Silicone moldável
    • Se adaptam à orelha.
    • Confortáveis para uso prolongado.
    • Bom para quem sente pressão com espuma.
  3. Filtros acústicos (profissionais)
    • Reduzem o som sem distorcer a qualidade.
    • Usados por músicos, estudantes, pessoas com hiperacusia.
    • Redução seletiva: permite ouvir vozes, mas atenua ruídos intensos.

Indicações

  • Hipersensibilidade auditiva (hiperacusia, misofonia, TEA).
  • Insônia causada por ruídos externos.
  • Ambientes de trabalho ruidosos (fábricas, aeroportos).
  • Concentração e estudo (bibliotecas, escritórios compartilhados).
  • Proteção em shows ou cinemas sem perder qualidade sonora.

Benefícios Psicológicos

  • Redução da ansiedade: menos estímulos sonoros → menos ativação da amígdala cerebral.
  • Melhora do sono: diminui microdespertares durante a noite.
  • Sensação de controle: a pessoa volta a se sentir segura em ambientes barulhentos.
  • Foco e produtividade: bloqueio de distrações externas.
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Riscos e Cuidados

  • Uso contínuo e incorreto pode causar irritação ou acúmulo de cera.
  • Devem ser higienizados (silicone) ou trocados regularmente (espuma).
  • Não é indicado abafar completamente todos os sons diariamente → pode gerar dependência psicológica.
  • Em situações de emergência (como alarmes), tampões muito potentes podem atrasar a percepção do perigo.

Alternativas ou Complementos

  • Fones com cancelamento ativo de ruído (ANC).
  • Ruído branco ou sons da natureza para mascarar barulhos.
  • Técnicas psicológicas: mindfulness e TCC para treinar tolerância aos sons.

Curiosidade Científica

Pesquisas em Frontiers in Psychology mostram que pessoas com hipersensibilidade sonora relatam redução de até 40% no estresse diário quando usam tampões adequados em situações de sobrecarga sensorial.

Final

A hipersensibilidade a sons não é apenas “frescura” ou exagero. É uma condição real, com base neurológica e psicológica, que pode impactar fortemente a qualidade de vida.
A psicologia, aliada a técnicas terapêuticas modernas, pode ajudar a reconstruir a relação da pessoa com o ambiente sonoro, promovendo mais equilíbrio e bem-estar.

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Olá, me chamo Manoel. Além de ser formado em Psiquiatria e Psicologia tenho um compromisso constante com a atualização e precisão do conhecimento. Minha abordagem profissional é fundamentada em um rigoroso processo de pesquisa e validação de informações, utilizando fontes conceituadas e internacionais para garantir que o conteúdo que compartilho seja tanto relevante quanto baseado em evidências.

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