O Que Leva uma Pessoa a se Cortar? Entenda as Causas da Automutilação e Como Ajudar

Descubra os fatores psicológicos que levam ao comportamento de se cortar, seus impactos emocionais e os tratamentos mais eficazes segundo a psicologia e psiquiatria modernas.

O ato de se cortar — também chamado de automutilação ou autolesão — é um comportamento autodestrutivo comumente associado a dor emocional intensa. Embora muitas vezes incompreendido, esse comportamento não é necessariamente uma tentativa de suicídio, mas um grito silencioso de ajuda. A ciência psicológica tem buscado entender suas causas profundas e oferecer alternativas terapêuticas eficazes.

2. O Que é Automutilação?

Automutilação é qualquer comportamento em que a pessoa provoca dano deliberado ao próprio corpo, sem intenção consciente de tirar a própria vida. Cortar-se é uma das formas mais comuns, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.

Outras formas incluem:

  • Queimar-se;
  • Arranhar-se profundamente;
  • Bater em si mesmo;
  • Impedir a cicatrização de feridas.

3. Por Que Alguém se Corta? Causas Psicológicas e Neurobiológicas

a) Regulação Emocional

Cortar-se pode funcionar como um mecanismo de enfrentamento da dor emocional, trazendo alívio momentâneo por meio da dor física.

b) Dissociação

Alguns relatam que o ato serve para “sentir algo” quando estão emocionalmente anestesiados ou dissociados da realidade.

c) Autopunição

Pessoas com sentimentos de culpa, vergonha ou baixa autoestima podem se machucar como forma de autoagressão e punição.

d) Busca por Controle

Em situações de vida caóticas, a dor física controlada pode parecer o único aspecto “gerenciável”.

e) Influência Social ou Traumas

Histórico de abuso, negligência emocional, bullying e transtornos psiquiátricos aumentam significativamente o risco. Também há casos relacionados a ambientes onde esse comportamento é romantizado.

Neuroquímica envolvida:

Estudos mostram que a automutilação pode liberar endorfina e dopamina, proporcionando alívio imediato, criando um ciclo viciante.

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4. Sinais de Alerta em Quem se Corta

Identificar esses sinais pode salvar vidas:

  • Uso excessivo de roupas compridas, mesmo no calor;
  • Feridas frequentes sem explicação convincente;
  • Evitação de contato físico;
  • Mudanças bruscas de humor e isolamento;
  • Frases autodepreciativas ou de desvalorização pessoal.

5. Efeitos Psicológicos a Longo Prazo

Embora traga alívio imediato, se cortar gera dependência emocional, reforça sentimentos negativos e pode agravar transtornos como:

  • Depressão;
  • Transtorno de personalidade borderline;
  • Transtornos de ansiedade;
  • Transtornos alimentares;
  • Ideação suicida em estágios mais avançados.

A automutilação frequentemente gera vergonha, isolamento social e baixa adesão a tratamentos, exigindo abordagem especializada.

6. Avanços no Tratamento e Intervenções Efetivas

a) Terapia Comportamental Dialética (DBT)

Considerada uma das abordagens mais eficazes, combina estratégias de aceitação e mudança. Foca em regulação emocional, tolerância à angústia e construção de habilidades sociais.

b) Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

Ajuda o indivíduo a identificar pensamentos automáticos negativos e desenvolver estratégias alternativas ao comportamento autodestrutivo.

c) Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

Trabalha a relação com a dor e ajuda o paciente a se reconectar com seus valores e propósitos.

d) Grupos de Apoio

Oferecem espaço seguro de escuta e empatia, reduzindo a vergonha e promovendo o senso de pertencimento.

e) Intervenção Psiquiátrica

Casos graves podem requerer uso de medicação para estabilização emocional, como antidepressivos ou ansiolíticos, sempre com acompanhamento médico.

f) Estratégias de Substituição

Ensinar o uso de alternativas menos nocivas para lidar com o impulso, como:

  • Escrever ou desenhar a dor;
  • Usar elásticos ou cubos de gelo para simular a sensação;
  • Expressão criativa (arte, música, dança).

7. Como Ajudar Alguém que se Corta

  • Não julgue. Escute com empatia e sem oferecer respostas imediatas;
  • Estimule a busca por ajuda profissional;
  • Evite minimizar a dor com frases como “isso é drama” ou “é só uma fase”;
  • Esteja presente, sem pressionar a pessoa a mudar rapidamente;
  • Em caso de risco iminente, procure serviços de emergência ou apoio psicológico urgente.
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8. Final

Se cortar é um sinal de sofrimento emocional profundo, não de fraqueza ou busca de atenção. A automutilação deve ser acolhida com empatia e tratada com técnicas baseadas em evidências. A boa notícia é que há tratamento eficaz, recuperação possível e vida com sentido além da dor.

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