Por que o Bipolar Gasta Demais? Psicologia, Impulsividade e Caminhos de Controle

O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações intensas de humor que vão da euforia (mania ou hipomania) à tristeza profunda (depressão). Durante as fases de euforia, muitos pacientes apresentam comportamentos impulsivos, e entre eles o gasto excessivo é um dos mais comuns e impactantes. Compras por impulso, dívidas e investimentos arriscados fazem parte desse quadro, trazendo sérias consequências financeiras, emocionais e familiares.

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Mas afinal, por que o bipolar gasta demais? A resposta envolve fatores neuroquímicos, cognitivos e emocionais que se entrelaçam, criando um padrão de comportamento que desafia tanto quem vive a condição quanto seus familiares.

O Transtorno Bipolar e o Comportamento Financeiro

O transtorno bipolar não se limita às mudanças de humor. Ele também influencia diretamente a capacidade de tomar decisões.

  • Na fase depressiva, pode haver retração e dificuldade em agir.
  • Já na fase maníaca, há excesso de energia, confiança exagerada e impulsividade.

Esse contraste explica porque os gastos financeiros estão tão ligados aos ciclos do transtorno.

Principais Razões para os Gastos Excessivos

1. Impulsividade da Mania

Na fase maníaca, o cérebro busca constantemente novas experiências e prazeres. O ato de comprar ativa circuitos de dopamina, reforçando a sensação imediata de prazer.
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2. Superestimação das Capacidades

Muitas pessoas em mania acreditam que podem lidar com qualquer despesa. Essa superconfiança pode levar a dívidas ou até a investimentos de risco.

3. Busca de Recompensa

Estudos em neurociência apontam que, durante episódios maníacos, há um desequilíbrio nos sistemas de dopamina e noradrenalina, aumentando a necessidade de gratificação imediata.

4. Falta de Autocrítica

Durante as crises, há uma redução da consciência crítica. O indivíduo não percebe que está gastando demais e só se dá conta após a fase maníaca passar.

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Impactos dos Gastos Excessivos no Bipolar

  • Financeiros: dívidas altas, inadimplência e falência pessoal.
  • Emocionais: arrependimento, culpa e vergonha quando a fase maníaca termina.
  • Familiares: conflitos conjugais, brigas sobre dinheiro e perda de confiança.
  • Profissionais: perda de credibilidade em negócios ou no ambiente de trabalho.

Curiosidades Científicas

  • A American Psychiatric Association (APA) aponta que até 80% dos pacientes bipolares relatam comportamentos financeiros de risco durante episódios maníacos.
  • Neurocientistas da Harvard Medical School identificaram que as mesmas áreas cerebrais ativadas no prazer de compras compulsivas também estão envolvidas em vícios comportamentais, como jogos de azar.
  • Pesquisas da Universidade de Oxford mostram que pacientes bipolares tratados adequadamente reduzem em até 60% os episódios de gastos compulsivos.

Estratégias de Controle e Apoio

1. Tratamento Contínuo

  • Uso de estabilizadores de humor e acompanhamento psiquiátrico.
  • Psicoterapia para fortalecer o autocontrole.

2. Educação Financeira

  • Criar limites de gastos.
  • Preferir pagamentos à vista ou cartões pré-pagos.

3. Rede de Apoio

  • Familiares ou amigos ajudando a monitorar decisões financeiras em momentos críticos.
  • Autorização para que outra pessoa administre grandes despesas durante crises.

4. Psicoeducação

  • Identificação precoce de sinais de mania (insônia, aumento de energia, euforia).
  • Intervenção antes que os gastos excessivos ocorram.

Final

O gasto excessivo em pessoas bipolares não é uma simples questão de desorganização ou irresponsabilidade, mas sim um sintoma ligado ao próprio funcionamento do transtorno. Compreender essa relação é fundamental para reduzir julgamentos, oferecer apoio adequado e garantir qualidade de vida ao paciente e sua família.

O controle financeiro e emocional só é possível quando há tratamento contínuo, apoio familiar e estratégias de prevenção, transformando vulnerabilidade em possibilidade de equilíbrio.

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